segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Sorvete de Sobremesa

Meninas, pausa no dia-a-dia corrido para um texto fofo e divertido.
Beijos e boa semana!

Sorvete de Sobremesa
Danuza Leão

Não há nada que me deixe mais frustrada do que pedir sorvete de sobremesa, contar os minutos até ele chegar e aí ver o garçom colocar na minh a frente uma bolinha minúscula do meu sorvete preferido.
(daqui)
Uma só.
Quanto mais sofisticado o restaurante, menor a porção da sobremesa.
Aí a vontade que dá é de passar numa loja de conveniência, comprar um litro de sorvete bem cremoso e saborear em casa com direito a repetir quantas vezes a gente quiser, sem pensar em calorias, boas maneiras ou moderação.

O sorvete é só um exemplo do que tem sido nosso cotidiano.
A vida anda cheia de meias porções, de prazeres meia-boca, de aventuras pela metade.
A gente sai pra jantar, mas come pouco.
Vai à festa de casamento, mas resiste aos bombons.
Conquista a chamada liberdade sexual, mas tem que fingir que é difícil (a imensa maioria das mulheres continua com pavor de ser rotulada de 'fácil').
Adora tomar um banho demorado, mas se contém pra não desperdiçar os recursos do planeta.
Quer beijar aquele cara, mas tem medo de fazer papel ridículo.
Tem vontade de ficar em casa vendo um DVD, esparramada no sofá, mas se obriga a ir malhar. E por aí vai.
Tantos deveres, tanta preocupação em 'acertar', tanto empenho em passar na vida sem pegar recuperação...
Aí a vida vai ficando sem tempero, politicamente correta e existencialmente sem-graça, enquanto a gente vai ficando melancolicamente sem tesão...
Às vezes dá vontade de fazer tudo 'errado'.
Deixar de lado a régua, o compasso, a bússola, a balança e os 10 mandamentos.
Ser ridícula, inadequada, incoerente e não estar nem aí pro que dizem e o que pensam a nosso respeito.
Recusar prazeres incompletos e meias porções.
Até Santo Agostinho, que foi santo, uma vez se rebelou e disse uma frase mais ou menos assim:
'Deus, dai-me continência e castidade, mas não agora'..
Nós, que não aspiramos à santidade e estamos aqui de passagem, podemos (devemos?) desejar várias bolas de sorvete, bombons de muitos sabores, vários beijos bem dados, a água batendo sem pressa no corpo, o coração saciado.
Um dia a gente cria juízo.
Um dia.
Não tem que ser agora.
Por isso, garçom, por favor, me traga:
cinco bolas de sorvete de chocolate,
(daqui)
um sofá pra eu ver 10 episódios do 'Law and Order',


(daqui)
uma caixa de trufas bem macias e o Richard Gere, nu, embrulhado pra presente.
(isso é melhor vocês imaginarem)
OK?
Não necessariamente nessa ordem.
Depois a gente vê como é que faz pra consertar o estrago...


Nota do editor (rs): Pode ser beeem nessa ordem... 5 bolas de sorvete, sofá+law and order (amo), trufas macias e o richard gere que é para perder TODAS as calorias beeeem rapidinho! hihihihi
Aí não sobra culpa de todos os outros pecadinhos!


sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Orgânico ecológico



Menina rosa shock que se preze se preocupa com o planeta, não é mesmo?
E é por isso que hoje eu quero dar umas diquinhas beeeem fáceis para o dia-a-dia: alimentos orgânicos.
Orgânico não usa agrotóxicos e adubos químicos, portanto não polui o solo - e por consequência os lençóis d'água fluvial - e por isso não mata animais que estavam lá beeeeem antes da plantação.
Orgânico não usa conservantes químicos, não usa hormônios na alimentação de aves, porcos e bois, não usa vacinas e antibióticos - que no nosso organismo só fazem aumentar a resistência das doenças.
Orgânico respeita a natureza do alimento, seja ele animal ou vegetal.
Orgânico, por incrível que pareça, alimenta mais. E alimenta o espírito, segundo os preceitos da Igreja Messiânica.
Bom, e vamos às dicas práticas.
Nas cidades grandes todo mundo acha fácil fácil nos mercados. Nas cidades pequenas, quase todo mundo tem uma hortinha em casa.
Preocupada em ter uma alimentação mais saudável, procurei por coisas que comemos em maior quantidade para incluir na alimentação aqui de casa.
Eis o que encontrei. (Quero deixar claro que não estou ganhando absolutamente NADA para falar sobre esses produtos e essas marcas)
- Arroz Albaruska, legítimo arroz de pilão. Você pode usar aquele tempero "Meu Arroz" (que não é orgânico, mas é pra lá de prático) e no lugar da água quente habitual, usar água fria mesmo, direto do filtro (usar água do filtro para cozinhar é uma questão de segurança, já que nem toda água é bem tratada). Fica soltinho, grande, e 1 copo aqui em casa rende 1 semana.
- Feijão Carioca Broto Legal. É orgânico, livre de agrotóxicos e conservantes. Eu deixo de molho por 12 horas, como aprendi com qualquer outro feijão. Cozinho por 10 (sim, dez) minutos na panela de pressão com um caldo de carne. Depois tempero com cebola, alho e shoyu. Congelo. E fico umas 2 semanas sem cozinhar. Dura muito. E o caldo fica grosso, lindo, e os grãos macios. Eu não podia comer feijão que acabava com o meu estômago. Até conhecer Broto Legal.
- Taeq Orgânico. Mais uma grande sacada do Grupo Pão de Açúcar. Uso várias coisas, mas a que mais gosto é do chá branco. Você sabia que as folhas são as mais afetadas pelos agrotóxicos? E são as que mais absorvem os adubos inorgânicos. Então, vale a pena investir em um chá (que substitui o café) branco da Taeq.
- Korin. Tudo dessa marca é orgânico. TUDO. Frango, ovo, legumes, verduras, água tratada de maneira orgânica. Tem até produtos para a limpeza da casa e técnicas de compostagem para fazer em apartamento. A Korin é da Igreja Messiânica, que cuida dos fiéis atravez do Johrei (espírito), Iebanas (belo) e Agricultura Natural (corpo = espírito materializado). Para ter uma idéia, antes do abate das aves, eles fazem um culto pedindo permissão às almas daqueles animais e agradecendo por elas darem suas vidas em prol das pessoas. Lindo, né?

Ainda existem outros produtos (cosméticos e afins) de várias marcas. Esses aí de cima são os que eu uso. E garanto a qualidade.
Procurar usar os biodegradáveis como Ypê também ajuda, viu?
Diminuir o tempo no banho, apagar as luzes acesas à toa, juntar roupa para lavar mais em menos tempo de máquina, passar mais roupas de uma só vez, desligar a tv quando não estiver assistindo e separar o lixo também são ações sustentáveis, e louváveis.

Espero que vocês tenham um final de semana mais verde. Vamos preservar o planeta para nossos filhos o encontrarem como nós encontramos - ou melhor.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Feliz dia das Crianças

Hoje é dia das crianças. Ontem eu conversava com uma amiga como era diferente nosso mundo. Como a gente foi feliz, resistente, persistente.
Outro dia um garotinho morreu engasgado com um chiclete. Isso me fez pensar em como as crianças de hoje em dia são sensíveis com relação às da minha geração.
A gente pulava na cama de molas da minha mãe com balas "soft" na boca. A bala descia pelo "buraco errado" e o que a gente fazia? Virava de cabeça pra baixo e desentalava.
Hoje as crianças não podem cair e bater a cabeça que já correm pai, mãe, vô, vó, tio, papagaio e periquito ao Pronto Socorro mais próximo. Faz Raio X e Tomografia, fica em observação e toma anti-térmico para prevenir. A gente ficava com um galo gigante, a mãe fazia cruz com a lâmina da faca no lugar da pancada e colocava gelo. No dia seguinte, tava lá a foto na escola com a testa roxa! O galo cantava por uns dias e ficava tudo certo.
As crianças de hoje não andam de bicicleta na rua para não serem atropeladas. Quando eu era criança, a gente desafiava carros e ônibus, apostava "corrida maluca" e quem chegasse primeiro era a Penélope Charmosa.
A gente caía, ralava o joelho ou cortava o pé, a mãe levava no tanque e lavava com sabão em pedra, depois passava no máximo um mercúrio cromo. A pele ficava toda manchada, e depois a gente apostava quem tinha a maior cicatriz. Hoje, o menino tira uma pelezinha do dedo, infecciona e tem que tomar antibiótico.
A gente subia em árvore, andava em pé sobre muros e telhados, empinava pipa, jogava bolinha de gude. Uma vez por ano, a rua era interditada para alguma obra, e lá ia a meninada jogar futebol, vôlei, queimada... meninos contra meninas. Hoje as ruas são interditadas parcialmente, não há mais muros ou telhados, muito menos árvores onde as crianças possam se empoleirar.
Nossa infância era mais feliz, podíamos andar descalços, pular corda e muito mais.
Nossos pais não podiam comprar video games, a gente não tinha celular, não existia internet.
Nossos brinquedos eram círculos de 5 metros de elástico, presos a 4 pernas enquanto outras 2 pernas habilidosas o pulavam cantando musiquinhas que hoje eu nem lembro mais a letra.
Quando não tinha uma corda, pulávamos “um homem bateu à minha porta, e eu abri...” com a mangueira da mãe. Aquele tal de vai-vem que a Angélica fazia propaganda a gente não tinha como comprar... era caro. Então improvisava. Dois fios de corda para varal, uma alça em cada ponta, e no meio fazia um “balão” com 2 metades superiores de uma garrafa pet. Pedaços de isopor e restos de colchas rasgadas viravam lindos sofás e camas para as bonecas, os trapos viravam modelos inspirados nas revistas de moda da mamãe, e tudo que aparecia de material era adaptado para a casinha - eu já era "arteira".
Aliás, quando a gente era criança, refrigerante era só para dia de festa. Aos domingos, só se sobrasse algum no fim do mês. Mc Donnald’s, só em aniversário e dia das crianças. E eu já nem era mais criança quando comecei a comer Big Mac ou Mc Lanche Feliz.
Brincamos de casinha, de boneca, até os 14, 15 anos.
Hoje a infância acaba cedo. As meninas não brincam mais de boneca, se vestem de mulher, passam maquiagem (a gente passava a da mãe, escondida!) que os pais compram para elas, usam sandálias e sapatilhas de salto alto.
As roupas, uma réplica das que suas mães usam. Vão desde calças justas até micro-saias.
As meninas, aos 9 anos, já beijam mais na boca que eu beijei minha vida toda!
Aos 11, muitas delas já são mães (não é exagero, tá? Meu irmão trabalha em poso de saúde, e já viu muita criança de menos de 12 anos grávida - e não eram vítimas de estupro não). Brincam de bonecas com bebês de verdade.
Era tão bom ser criança na nossa época... era tão bom sumir com a bicicleta, voltar encardida, o cabelo molhado de suor ou chuva.
Era tão legal pular em poças de lama, arrebentar as tiras dos chinelos correndo pelo mato, pegar folhinhas de capim para fazer comida para nossas "filhas".
Abrir buracos enormes no quintal de casa tentando achar os restos mortais do cachorro enterrado ali alguns anos antes - e jurar que seria arqueóloga quando crescesse.
A gente não falava palavrão ou respondia a pais e professores - levava logo um tapa no meio da boca que doía por dias (mais na alma que no corpo).
E ai que saísse do castigo. Em vez de uma semana, passava a um mês sem tv.
Haja!
Mas e quem ligava para tv quando tinha tanta coisa para fazer?
Quando passo por grupos de crianças brincando na rua, paro e fico olhando. Me dá saudade de ser daquele tamanho. Me dá vontade de ter logo meus filhos e ensinar para eles tudo o que a gente fazia.
Desenhar no quintal com um giz de lousa aquele velho quadriculado que ia do céu ao inferno, chamado a-ma-re-li-nha... ah, como é bom esse nome.
Como é doce a saudade da infância.
Como é doce ser criança.
E a gente, que reclamava que nada podia, hoje vê que podia tanto.
A gente, que queria ser grande logo para mandar no próprio nariz, recebe ordem o tempo todo, obedece muito mais, e não pode fazer manha. Tem que abaixar a cabeça e dizer "sim, senhor". Porque na vida adulta não tem castigo de 1 semana sem tv.
Tem castigo pior.
Ah, como seria bom uma máquina do tempo.
Como seria bom aquela máquina do filme do Tom Hanks...
Seria demais!!!

E você? Qual sua mais doce lembrança de infâcia?
Resgate essas lembranças, relembre a criança que você foi, ensine uma criança a ser criança. E valorize cada dia a criança que há dentro de você!



PS: Lá vai uma foto da nossa linda infância! Meu irmão e eu ganhamos pintinhos em uma feira de animais. Mamãe mandou ele abaixar para ficar do meu tamanho. Eu não entendi a relação (olha a cor do cabelo...), e resolvi abaixar tb! :D



domingo, 11 de outubro de 2009

Sobre pedreiros e refrigerantes

Que pedreiro é um saco, todo mundo já sabe.
Que refrigerante é uma porcaria, também.
E que existe uma tênue diferença entre os dois, você sabia?
Pois é.
Você deve estar se perguntando: do que essa louca está falando?
E eu respondo. Mas vamos desde o início da história.
Quando compramos a casa, ainda sem acabamento, eu queria piso branco. O vendedor de materiais perguntou, de pronto: mas você pode pagar uma empregada? Eu, com cara de bolinha, perguntei: por quê???? Ao que ele respondeu com a frase que eu jamais vou esquecer: se cair um fio de cabelo branco no piso branco, ele aparece.
Eu, que não tenho cabelo branco (não sem pintar, claro), pensei que estaria frita.
Mas como não abro mão de luz, e piso claro ilumina a casa, optei por um cinza. Mais parece um branco encardido, mas não é branco.
Aí está o bendito:


Bom, o fato é que os pedreiros tomaram conta da casa por três longos meses. Entrou gente de tudo que foi lugar na toca. Foi pintor, encanador, marceneiro, serralheiro.
O bendito do marceneiro envernizou os caibros que suspendem a cobertura do quintal; o serralheiro pintou as grades. E tudo onde? Dentro da minha linda casa de piso instalado. Como não tinha mulher cuidando da "bagaça" para dar meia dúzia de gritos do tipo: "Aaaaai, meu chão! Quem manchar fica sem p#@*o!!!", eles deitaram e rolaram.
E aí, é claro, que a faxina da mudança não limpou tudo o que precisava ser limpo.
A sala foi, por algumas semanas, o depósito das caixas e sacolas do casal. Não tinha nenhum móvel lá até a chegada do telefone, quando colocamos um gaveteiro; depois chegou a estante e as mesas-ninho que eu fiz com amor e carinho, e essa semana chega o sofá.
Bom, vocês ainda devem estar se perguntando do que eu estou falando. Tá, vamo lá!
Sabe quando você faz uma festa em casa e o chão fica todo manchado de "caiu cerveja, ninguém limpou e grudou pó"?
Pois bem. No chão da minha sala tinha uns quatro focos desse tipo de mancha.
Lavei a sala IN-TEI-RA com sabão de côco líquido, com sabão em pó e água sanitária, com Ajax, Vejam e todo o arsenal de limpeza disponível no universo.
Foi quando lembrei do refrigerante.
fala sério, você olha para essas bolhas... não dá vontade?


Foi assim: quando eu era criança, minha mãe fez um estoque de guaraná debaixo do gabinete da cozinha. Saímos, e quando voltamos uma das garrafas (aquelas de vidro com tampa de chapinha, lembram?) tinha estourado e a cozinha estava inundada por 1 litro de guaraná.
Como o piso era daquelas cerâmicas antigas, vermelhas, encardia com facilidade e a limpeza não era lá das mais fáceis, nunca dava para ver a cor original dos ladrilhos.
Eis que percebemos que onde estava "sujo" de refrigerante, estava limpo da sujeira do dia-a-dia. E ali vimos a cor verdadeira do barro. E percebemos como refrigerante era bom para limpeza.

Todo mundo conhece a história de que não há nada melhor para desentupir um ralo ou limpar um forno que 2 litros de coca-cola sem gelo.
E foi então que, lembrando de toda essa limpeza de cozinha, pensei no refrigerante como minha última tentativa de limpeza para a sala. Chegamos a pensar que pudessem ter derramado algum tipo de ácido no piso, de tão presa que estava a tal mancha.
Ontem, depois de uma longa espera no supermercado, cheguei em casa, varri a sala e espalhei o refrigerante de limão por todo o piso (eu não queria uma parte mais limpa que a outra, né?).
Esfreguei com a vassoura de piaçava, joguei água, tirei todo o refrigerante do piso e voilá. Nenhuma mancha estava lá.
Passei mais uma água com Ajax, para ver se não era ilusão de ótica.
E não era.
O bendido refrigerante "in"acreditavelmente conseguiu remover a sujeira deixada pelo maledeto pedreiro/marceneiro/encanador/serralheiro/pintor - seja lá quem tenha sido.
O fato é: a gente bebe essa coisa! Deve ser por isso que refrigerante, em países de língua britânica, se chama SODA. Cáustica, né? Só se for!
E aí de noite, comendo aquela pizza de mussarela-puxa-puxa, olhei para a Coca-Cola, lembrei do cano da pia, lembrei do forno, lembrei do chão da sala... e pensei: ah, que se dane!
Vamos desentupir esse corpo!

Rs